quarta-feira, 11 de março de 2009

Anotações Escolares - Lendo textos

Abaixo segue algumas dicas de como realizar um relatório de leitura.

Análise Temática
por R. Oliveira

A Análise Temática tem por objetivo possibilitar a compreensão da mensagem do texto, deve ser desenvolvida de tal forma que facilite o entendimento do texto. Para tanto é necessário: extrair partes do texto e reescrevê-las com as próprias palavras. É composta, basicamente, de quatro passos:

1. Tema
O tema é o assunto do texto. Respondendo a pergunta: "Sobre o que o texto fala?" é possível encontrar o tema. Ele é geralmente uma frase exclamativa (afirmativa ou negativa), nunca uma pergunta. Deve ser curto e expressar uma idéia clara. Por exemplo: "A mulher no mercado de trabalho". É a partir do tema que o texto se constrói.

2. Problema
O problema é a pergunta central do texto. Todo texto responde a uma questão. O autor transforma o Tema do texto numa pergunta e busca uma resposta. O leitor deve, após ler o texto, reduzí-lo a uma pergunta; pode, ainda, transformar o tema numa indagação. Por exemplo: "Qual a situação da mulher no mercado de trabalho brasileiro?"

3. Tese
A tese é a resposta da pergunta central do texto. Diante do problema o autor busca uma solução, a tese. Geralmente ela aparece entre o 1º e o 2º parágrafos. Para encontrá-la basta retirar uma frase do texto que responta prontamente a pergunta estabelecida no problema. Caso não seja possível encontrar tal resposta significa que aquele não é o problema do texto. É interessante copiar a frase (entre aspas) e, depois, reescrevê-la com as próprias palavras, isso facilita o entendimento do texto

4. Raciocínio ou Argumentação
Parte do texto onde é exposta a fundamentação do texto. Basicamente cada parágrafo traz um argumento, isto é, uma informação que confirma a tese. Portanto, a cada parágrafo deve-se sacar a frase principal (o núcleo do parágrafo), copiando-o e depois reescrevendo-o com as próprias palavras. A leitura dos argumentos devem conduzir necessariamente a Tese, caso isso não ocorra significa que a tese está errada e precisa ser modificada, juntamente com o problema.

É isso, boa leitura.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

MENSAGEM NATALINA


Há algum tempo tenho notado, assim como a maioria das pessoas, que o Natal tem perdido o seu significado religioso. Para muitos isso é comum, afinal, se o considerarmos como fruto da cultura, a qual por sua vez é dinâmica, é justo que ao longo dos anos ele – o Natal - assuma nova conotação, condizente com os “novos tempos”. Todavia isso me preocupa. Porque o Natal, embora tenha surgido a partir da festa do deus sol, não é por si só uma festa profana – no sentido que está desprovida de um significado religioso -, pelo contrário é uma festa essencialmente religiosa, como a Páscoa. Assumindo esse viés é preciso que se diga que Natal é uma festa cristã. É o momento em que os cristãos comemoram explosivamente a vinda daquele que acreditam ser o Salvador dos homens: Jesus Cristo.

“Et verbum caro factum est!” Exclama João no século I, atestando essa verdade. Este nascimento (daí a palavra latina “natal”), é celebrado não como um mero processo ritual de passagem (como o reveillon), mas como uma realidade concreta de transformação de vida. Cristo veio revelar o homem ao próprio homem. João da Cruz, lá no século XVI tratando sobre a Encarnação do Verbo (o Nascimento de Jesus) assim se expressava: “... porque em tudo semelhante Ele a eles se faria e viria ter com eles, e com eles moraria; e que Deus seria homem e que o homem Deus seria.”

Então eu pergunto: onde está o Cristo nesse Natal?

Recebo um sem número de mensagens (virtuais, cartões...) todas elas me desejando “Feliz Natal”, “Boas Festas”, “Feliz Ano Novo”, as quais, quando acompanhada de figuras, trazem: anjos, estrelas, pinheiros enfeitados, velas, papai Noel, menos o Cristo. O que me deixa mais espantado é que a maioria dessas mensagens vêm de pessoas que se dizem cristãs. O ser cristão se manifesta nos pequenos gestos, “vocês estão no mundo, mas não pertencem ao mundo” ensina Jesus.

Não sou contra os presentes e os festejos natalinos. Enche-me os olhos as decorações, os cânticos. Entretanto, quando vejo as pessoas preocupando-se excessivamente com a “ceia”, com as “compras de natal”, esquecendo-se de “preparar o caminho do Senhor”, de fazer um exame de vida, de ajudar o semelhante que sofre, até mesmo das atividades religiosas; fico entristecido. Mais vale um perdão que qualquer lembrança material. Entristece-me observar que o consumismo aniquilou o ser humano e, como afirmou Gui Debord “tudo o que era vivido realmente tornou-se mercadoria”. E enquanto cristão sinto um pesar maior quando ouço as crianças esperando ansiosas a vinda do “papai Noel”, que é um ser inexistente e nada pode oferecer (sobretudo porque os bens materiais que distribui foram adquiridos por outrem). Espanta-me como os pais e a sociedade como um todo – me refiro especificamente àqueles que se dizem cristão – se esforçam para apresentar o papai Noel como figura central do Natal, fazem de tudo para sustentar uma mentira e sentem vergonha de apresentarem a Verdade, ou seja, ficam receosos de falar de Jesus Cristo.

Novamente repito: que haja troca de presentes, que se enfeitem as casas (afinal a roda da economia precisa girar), mas não materializem suas vidas! Deixem o Cristo ser o dono do Natal. Afinal comemora-se, n dia 25 de dezembro, a Festa da Encarnação do Verbo, e não o aniversário de Jesus, pois sendo Deus, é eterno e não está subordinado as transformações temporais.


Por fim, transcrevo abaixo parte do poema de S João da Cruz para meditação, desejando que essa promessa se cumpra em sua vida.

ROMANCE SOBRE O EVANGELHO «IN PRINCIPIO ERAT VERBUM»,
ACERCA DA SANTÍSSIMA TRINDADE (IX)
Do Nascimento

Quando foi chegado o tempo
Em que de nascer havia,
Assim como o desposado,
Do seu tálamo saía
Abraçado a sua esposa,
Que em seus braços a trazia;
Ao qual a bendita Madre
Em um presépio poria
Entre pobres animais
Que então por ali havia.
Os homens davam cantares,
Os anjos a melodia,
Festejando o desposório
Que entre aqueles dois havia.
Deus, porém, em o presépio
Ali chorava e gemia;
Eram jóias que a esposa
Ao desposório trazia;
E a Madre se assombrava
Da troca que ali se via:
O pranto do homem em Deus,
E no homem a alegria;
Coisas que num e no outro
Tão diferentes ser soía.


* O poema na íntegra pode ser visualizado aqui.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Bioética: uma discussão sobre a vida

A partir de hoje publico uma série de trabalhos produzidos por alunos do 2º ano do Ensino Médio. Os vídeos são bons para uma introdução à discussão de alguns temas sobre a bioética. Assistam e respondam as questões que as imagens apresentam.


Ps.: Seja honesto, ao utilizar algo deste blog, cite a fonte.

domingo, 16 de novembro de 2008

Quando o amor vacila

Maria Bethânia

 
"Eu sei que atrás deste universo de aparências,
das diferenças todas,
a esperança é preservada.

Nas xícaras sujas de ontem
o café de cada manhã é servido.
Mas existe uma palavra que não suporto ouvir,
e dela não me conformo.

Eu acredito em tudo,
mas eu quero você agora.

Eu te amo pelas tuas faltas,
pelo teu corpo marcado,
pelas tuas cicatrizes,
pelas tuas loucuras todas, minha vida.

Eu amo as tuas mãos,
mesmo que por causa delas
eu não saiba o que fazer das minhas.

Amo teu jogo triste.

As tuas roupas sujas
é aqui em casa que eu lavo.

Eu amo a tua alegria.

Mesmo fora de si,
eu te amo pela tua essência.
Até pelo que você poderia ter sido,
se a maré das circunstâncias
não tivesse te banhado
nas águas do equívoco.

Eu te amo nas horas infernais
e na vida sem tempo, quando,
sozinha, bordo mais uma toalha
de fim de semana.

Eu te amo pelas crianças e futuras rugas.

Eu te amo pelas tuas ilusões perdidas
e pelos teus sonhos inúteis.

Amo teu sistema de vida e morte.

Eu te amo pelo que se repete
e que nunca é igual.

Eu te amo pelas tuas entradas,
saídas e bandeiras.

Eu te amo desde os teus pés
até o que te escapa.

Eu te amo de alma para alma.
E mais que as palavras,
ainda que seja através delas
que eu me defenda,
quando digo que te amo
mais que o silêncio dos momentos difíceis,
quando o próprio amor
vacila."


Esse poema/canção dispensa comentários. Ouça na voz de Maria Bethania aqui.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Café Filosófico: Jovem e a transcendência

Texto 1
“Então, transcendência, fundamentalmente, é essa capacidade de romper todos os limites, superar e violar os interditos, projetar-se sempre num mais além. (...) Somos seres de enraizamento e de abertura. A raiz que nos limita é a nossa dimensão de imanência. A abertura que nos faz romper barreiras e ultrapassar todos os limites, impulsionando a busca permanente por novos mundos,é nossa transcendência. (...) Numa palavra, eu diria que o ser humano é um projeto infinito. Um projeto que não encontra neste mundo o quadro para sua realização. Por isso é um errante, em busca de novos mundos e novas paisagens (...) O ser humano é um projeto ilimitado, transcendente, não dá para ser enquadrado. Ele pode, amorosamente, acolher o outro dentro de si. Pode servi-lo, ultrapassando limites. Mas é só na sua liberdade que ele o faz, é só quando decide a isso, sem nenhuma imposição.” 

BOFF, Leonardo. Tempo de transcendência: o ser humano como um projeto infinito. Rio de Janeiro: Sextante, 2002. p.31 e 37.



Texto 2 – “O Eu e o Tu”
“As linhas de todas as relações, se prolongadas, entrecruzam-se no Tu eterno. – (Buber, 1977, p. 87)
Martin Buber nasceu em Viena em 8 de fevereiro de 1878. O avô dele era autoridade da Haskalah. Estudou filosofia e letras, depois psiquiatria e sociologia. Professor de história das religiões e ética judaica na Alemanha até 1933. Em 1938 foi para Jerusalém lecionar sociologia na Universidade Hebraica: estudos sobre Bíblia, judaísmo e hassidismo, política e outros. Morreu em 13 de junho de 1965 em Jerusalém. Ele escreveu sobre ontologia da relação, estabelecendo a diferença entre o relacionamento Eu-Tu e Eu-Isso. O mundo do Isso, ordenado e coerente, é indispensável à existência humana, mas não pode subjugar o homem. No Tu, ocorre o encontro, e o Isso é objeto de experiência do Eu, de uso, de conhecimento. (...) Relação é reciprocidade e se dá na totalidade e na presença integral, independentemente de tempo ou de lugar: Toda vida é encontro (idem, 13). O Tu se oferece ao encontro e o Eu decide encontrá-lo, e o amor se realiza entre o Eu e o Tu; é responsabilidade de um Eu para um Tu. O homem se torna Eu na relação com um Tu (idem, p. 32). Mas o Tu é um estado transitório, sempre se torna um Isso. A contemplação autêntica é breve, a revelação dá lugar à descrição, classificação. O Isso é coerente no espaço e no tempo, e o mundo do Tu não tem coerência nem no espaço nem no tempo.
Relação – presente – Tu. O Eu se conscientiza como subjetividade – pessoa.  
Experimentação – utilização – Isso. O Eu toma consciência de si como sujeito de experiência e de utilização – egótico. Buber diz que ambos os modos são naturais, mas em alguns se manifesta mais o egótico e, em outros, a pessoa.”

WAHBA, Liliana Liviano. Eu e Tu: quando o tu desaparece. In: OLIVEIRA, F. M. & CALLIA, M. H. P. (org.). Reflexões sobre a morte no Brasil. São Paulo: Paulus, 2005. p. 175-184.



sábado, 20 de setembro de 2008

Minha dor



Dói.
Sinto em mim a dor do mundo.
E a minha dor é maior que todas as dores.
Só eu a sofro.
Todos vêem, mas ninguém a sente.

Ela me consome 
Como a fome;
o homem que domina
a mina
me invade e me impede.
Obriga a me entregar inteiramente
Porque...
Simplesmente dói.


Observador
4.V.2008



domingo, 14 de outubro de 2007

observaçõEScolares II


Essa imagem é boa para pensar:
1. O conceito de hierofani proposto por M. Eliade na obra "O sagrado e o profano"
2. Discutir a diversidade e a (in)tolerância religiosa.
- Fiz esse exercício com estudantes do 3º ano no EM. Valeu a tentativa.




*imagem original em inglês disponível em: http://cnu.livejournal.com/
** tradução livre do inglês feita pelo Observador.